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Estruturando o Roteiro: a Técnica da Escaleta

“Estruturar o roteiro primeiro é uma forma de fortalecer todos os pontos da história, além de ganhar tempo e energia para o trabalho de elaboração final”.

Sobre a estruturação de roteiros
Apresentamos mais uma técnica utilizada nos Roteiros de TV, Animação e Cinema extremamente útil para projetos de e-Learning que utilizam narrativas durante todo o curso: a escaleta. Não duvido que você já tenha utilizado esta técnica, mas sei que muitos colegas a desconhecem pelo termo “oficial”. Na próxima reunião, que tala falar para a equipe: para evitar retrabalho e validarmos a narrativa, fiz a escaleta da história do nosso curso? Faça bom proveito de mais esta preciosa dica do Estúdio Garoa Fina!

Depois que você já definiu o norte do seu roteiro com o storyline e o objetivo principal, já desenvolveu também os personagens da história, é hora então de partir para escrever o roteiro em si. Existe uma técnica que ajuda muito na escrita do roteiro, evitando que você perca tempo, perca a linha narrativa da história e principalmente não se perca na frustração quando perceber que o trabalho não está ficando bom. As vezes pode ser bastante desgastante escrever um roteiro, principalmente se a história for longa. Nesses casos, perceber que um ajuste feito no começo vai interferir no desenrolar de toda a história e por isso você será obrigado a reescrever quase tudo, irrita muito e pode atrapalhar o sucesso do trabalho. Para evitar esse percalço,é recomendável a técnica da escaleta.

A escaleta nada mais é do que a estrutura do roteiro, onde constará as cenas em ordem e o que acontece em cada cena. O jeito de escrever a escaleta pode variar de roteirista para roteirista, mas geralmente não costuma ser muito detalhada, contendo apenas as informações básicas para orientar a escrita definitiva posterior.

Aqui vai um exemplo:

Cena 1 – O explorador Antonio se aproxima da entrada da caverna. Ele foi atraído pelo rastro de fumaça que subia alguns metros.
Cena 2 – Antonio chega a entrada da caverna e encontra o naufrago Fernando, o tutor do curso. Fernando explica para Antonio como foi parar ali e deixa claro que a aventura de Antonio começará assim que ele entrar na caverna, sem poder retornar.
Cena 3 – Antonio entra na caverna e se depara com o primeiro desafio.

E por ai vai até a última cena. A escaleta é muito útil porque ajuda a visualizar como será a história, permitindo identificar fragilidades, acrescentar pontos importantes ou retirar cenas desnecessárias. Outro exemplo:

Cena 1 – O explorador Antonio se aproxima da entrada da caverna. Ele foi atraído pelo rastro de fumaça que subia alguns metros.
Cena 2 – Um pássaro sobrevoa a ilha e corta o rastro de fumaça.
Cena 3 – Antonio chega a entrada da caverna e encontra o naufrago Fernando, o tutor do curso. Fernando explica para Antonio como foi parar ali e deixa claro que a aventura de Antonio começará assim que ele entrar na caverna, sem poder retornar.
Cena 4 – Antonio entra na caverna e se depara com o primeiro desafio.

O segundo exemplo contém as mesmas cenas do primeiro, mas acrescentei uma cena 2 de um pássaro. Nitidamente podemos perceber que essa cena é desnecessária, não leva a história para frente pois o personagem Antonio já viu o rastro de fumaça. Assim, podemos excluir essa cena 2 e reorganizar a escaleta sem perder tempo.

A escaleta é uma ferramenta exclusiva do roteirista, não precisando ser mostrada ao cliente. É uma maneira segura de trabalhar todas as nuances da história com mais agilidade. É mais simples reorganizar a ordem das cenas, acrescentar um personagem ou uma nova cena numa escaleta. Em alguns momentos pode ser importante debater a história com o resto da equipe. Nesses casos a escaleta também pode ajudar, pois ficará fácil para a equipe visualizar o todo em 2 páginas, sem ter que ler um texto com 50, 60 páginas.

Não há necessidade de trabalhar a escaleta para que fique bem escrita, mostrando “detalhadamente” a cena e funcionando como um “pré-roteiro”. Meu conselho: pensar assim é perda de tempo, pois funcionará como uma etapa adicional ao processo e nem sempre temos tempo de sobra para encher o processo com novas etapas. Fica a dica: use a escaleta como instrumento guia, de forma bem prático e, acima de tudo, sem “frescuras”!

Bruno R. Módolo é roteirista e sócio da Garoa Fina, um estúdio dedicado ao desenvolvimento de roteiros e histórias para TV, Cinema e Publicidade. Entre os principais trabalhos da empresa estão o documentário Rompendo o Silêncio, com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, o reality show Menina Fantástica para a TV Globo e o roteiro de animação Back Home, selecionado para o 13 Laboratório Internacional de Roteiros SESC Rio.

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