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Storyline: o ponto de partida do seu Roteiro e-Learning

“Não apenas na elaboração de roteiros, mas em qualquer situação, o melhor ponto de partida é saber qual o ponto final, onde se quer chegar. Antes de iniciar o roteiro, defina o norte pelo storyline”.

Para começar a escrever qualquer roteiro você precisa ter um norte para seguir. Qualquer pessoa sai de casa sabendo onde chegar. Qualquer empresa lança um produto ou serviço sabendo onde quer chegar. Qualquer projeto sai do papel sabendo onde chegará. É assim também com a elaboração do roteiro. O primeiro passo é definir o norte. E esse norte é formado por dois elementos básicos: o objetivo de comunicação ou educacional e o storyline.

É importante definir o objetivo do produto audiovisual porque você tem que saber o que o público precisa entender ao final da história, para onde você quer levá-lo. O objetivo é o elemento principal do norte que vai conduzir o desenvolvimento do trabalho e que deverá ser consultado a todo instante para constatar se tudo está nos eixos. Cada cena, personagem ou situação criada precisa necessariamente contribuir para levar o público ao objetivo, caso contrário nada vai funcionar.

O storyline é o elemento do norte que vai dar as diretrizes para o desenvolvimento das idéias. Como se fosse o ponto de consulta criativa do processo de trabalho. Se o objetivo é o ponto racional, que vai validar ou não aquilo que foi criado, o storyline é o que vai dizer se a idéia pertence a criativa pensada para a história. Por exemplo, você definiu que sua história se ambientará na selva. Assim, não faz sentido ter um personagem que é um pingüim. A não ser que sua história se passe numa selva maluca. Ai sim, criativamente o pingüim pode ser incrível.

Vamos a um exemplo prático para ilustrar melhor esse norte formado pelo objetivo e pelo storyline. Imaginemos a seguinte situação: o cliente é uma empresa de pastilhas de vidro para decoração. Estão lançando uma nova ferramenta de relacionamento com os lojistas e a equipe de vendas precisa aprender a utilizá-la. Muito bem, nosso objetivo educacional é: ensinar os funcionários da empresa a utilizar a nova ferramenta de relacionamento com os clientes. Perfeito. O próximo passo é pensar em um storyline. Nesse momento é muito bem-vindo realizar um brainstorm para imaginar todas as possibilidades que esse objetivo permite ter. No brainstorm é hora de viajar mesmo, criar situações e metáforas interessantes para envolver o público. Por exemplo, podemos relacionar essa ferramenta com uma nave espacial, com a construção de um shopping Center, uma expedição à um caverna, etc. Jogue no papel qualquer idéia que ache interessante sem medo de errar. Particularmente, para nosso exemplo, a idéia de uma nave espacial é mais promissora, pois podemos criar uma situação onde os funcionários que farão o treinamento terão que aprender a manipular a nova ferramenta de relacionamento para trazer a nave de volta à Terra. Essa idéia permite uma história rica e de fácil compreensão para atingirmos o objetivo educacional. Certo, então vamos definir o storyline. Eu sugiro que o nosso storyline seja o seguinte: Para trazer a nave espacial de volta a Terra, os tripulantes terão que aprender a manipular a nova ferramenta de relacionamento.

Pronto, agora temos nosso norte muito bem definido, e podemos anotá-lo de lado para sempre consultar enquanto elaboramos o roteiro. Começar a escrever ser um norte pode ser muito perigoso. É muito comum cometer esse tipo de erro, que é escrever e criar elementos para a história que não são necessários. Um roteiro pode ser muito longo e o processo de escrita ser muito cansativo. Para não perder tempo, energia e nem qualidade, o norte é a técnica mais recomendada.


Bruno R. Módolo é roteirista e sócio da Garoa Fina, um estúdio dedicado ao desenvolvimento de roteiros e histórias para TV, Cinema e Publicidade. Entre os principais trabalhos da empresa estão o documentário Rompendo o Silêncio, com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, o reality show Menina Fantástica para a TV Globo e o roteiro de animação Back Home, selecionado para o 13 Laboratório Internacional de Roteiros SESC Rio.

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