
Tradicionalmente, a experiência do colaborador (EX – Employee Experience), tudo o que uma pessoa vê, ouve e sente ao longo de sua jornada dentro da empresa , foi tratada principalmente como uma função de Recursos Humanos (RH). Mas esse escopo está mudando.
À medida que as lacunas de competências aumentam e as expectativas dos profissionais evoluem, a EX se torna um fator-chave na atração e retenção de talentos. E, como essa experiência é fortemente influenciada pelo trabalho em equipe dentro da organização, ela precisa ser compartilhada entre as áreas que são cruciais para o sucesso do negócio.
Três funções principais exercem influência direta sobre a Experiência do Colaborador:
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Recursos Humanos (RH): responsável por recrutamento, integração, pesquisas de clima, eventos, premiações, reconhecimento e gestão de desempenho.
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Treinamento e Desenvolvimento (T&D): responsável pela integração, desenvolvimento e crescimento dos colaboradores.
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Gestores diretos: responsáveis por acompanhamento individual, feedback, reconhecimento no dia a dia e orientação para o alcance de metas.
Quando essas três funções trabalham de forma integrada, a experiência entregue ao colaborador se torna mais consistente e valiosa. Vamos nos aprofundar no papel de T&D e nas estratégias que os líderes de aprendizagem podem adotar.
A mudança: Experiência do Colaborador como estratégia de talento
Relatórios recentes do Fórum Econômico Mundial (FEM) e do LinkedIn reforçam essa urgência. Segundo o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025 do FEM, 63% dos empregadores apontam a lacuna de competências como a principal barreira para a transformação dos negócios, e mais da metade da força de trabalho precisará ser requalificada para se manter relevante.
Já o Relatório de Aprendizagem no Local de Trabalho 2025 do LinkedIn revela que o crescimento profissional é o principal motivador dos colaboradores. No entanto, apenas 36% das empresas investem de fato em programas estruturados que conectam aprendizagem ao desenvolvimento de carreira.
As organizações que conseguem alinhar esforços de aprendizagem ao crescimento profissional relatam benefícios concretos: maior mobilidade interna, desenvolvimento de novas habilidades e até 10% a mais de confiança na capacidade de atrair e reter talentos.
Expectativas convergentes
As organizações buscam se manter relevantes e explorar novas oportunidades. Para isso, contam com colaboradores dispostos a aprender, evoluir e contribuir. Ao mesmo tempo, os profissionais querem trabalhar em empresas com propósito, que apoiem suas carreiras, reconheçam seus esforços e ofereçam um ambiente seguro para experimentar e, quando necessário, errar.
A principal lição é clara: aprendizado e crescimento são objetivos compartilhados entre colaboradores e empregadores. E T&D é a ponte que permite alinhar essas expectativas.
Expectativas dos colaboradores | Expectativas dos empregadores |
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Oportunidades suficientes de aprendizagem para se manter relevante | Talentos que aprimoram proativamente suas habilidades e contribuem para o crescimento dos negócios |
Reconhecimento pelos esforços de aprendizagem e caminhos claros de crescimento interno | Redução da rotatividade e melhoria da retenção |
Ambiente psicologicamente seguro para experimentar e inovar | Colaboradores que orientam e apoiam colegas, além de atrair novos talentos por indicação |
Benefícios de investir em Experiência do Colaborador
Segundo Jacob Morgan, autor de The Employee Experience Advantage, apenas 13% das organizações realmente conseguem criar uma experiência de trabalho diferenciada — e são justamente essas que colhem resultados mais expressivos. Entre os benefícios apontados:
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Maior produtividade, colaboradores mais engajados e pipeline de talentos mais robusto.
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Presença em rankings de empresas mais inovadoras e melhores lugares para trabalhar.
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Quatro vezes mais lucro por colaborador.
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Três vezes mais receita por colaborador.
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Taxa de rotatividade 40% menor que a média de mercado.
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Desempenho superior aos principais índices de ações.
Mesmo reconhecendo a Experiência do Colaborador como diferencial competitivo, muitas empresas ainda enfrentam dificuldades em oferecer uma experiência consistente. É aí que T&D pode desempenhar um papel decisivo.
O papel de T&D na Experiência do Colaborador
Embora cada função tenha pontos específicos de contato com os colaboradores, T&D acompanha toda a jornada: da integração ao planejamento de sucessão.
Quando atua de forma estratégica, T&D pode transformar a experiência do colaborador em uma jornada de crescimento com propósito, colaborando com RH, gestores e lideranças sempre que necessário.
8 estratégias de T&D para impactar a experiência do colaborador
1. Crie uma cultura de aprendizagem desde o primeiro dia
A integração é mais do que uma simples apresentação: é a primeira oportunidade de moldar a mentalidade do colaborador em relação ao crescimento.
T&D pode:
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Apresentar plataformas de aprendizagem e experiências práticas.
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Incentivar o aprendizado autodirigido.
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Compartilhar histórias reais de mobilidade e crescimento interno.
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Destacar as habilidades mais valorizadas na organização.
2. Promova mentoria e aprendizagem entre pares
Profissionais de hoje valorizam conexões tanto quanto conteúdos.
T&D pode:
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Conectar novos contratados a mentores experientes.
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Criar comunidades de aprendizagem em ferramentas colaborativas (Slack, Teams etc.).
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Incentivar a aprendizagem multifuncional para ampliar redes.
A mentoria é uma via de mão dupla: ajuda colaboradores em início de carreira, mas também fortalece mentores, que encontram propósito e novas perspectivas.
3. Capacite gestores diretos
Supervisores têm papel fundamental em garantir um ambiente psicologicamente seguro.
T&D pode:
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Desenvolver programas sobre gestão de pessoas e segurança psicológica, com conceitos, estudos de caso e dramatizações.
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Criar guias práticos com desafios e soluções do dia a dia.
4. Identifique e apoie talentos de alto potencial (HIPOs)
T&D consegue detectar potenciais líderes observando engajamento, curiosidade e disposição para orientar colegas.
T&D pode:
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Recomendar HIPOs para planos de desenvolvimento individuais.
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Criar jornadas personalizadas de aprendizagem.
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Preparar pipelines de talentos para sucessão.
5. Integre aprendizagem às avaliações de desempenho
Os dados de aprendizagem são um recurso poderoso para avaliar prontidão e potencial de crescimento.
T&D pode:
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Trabalhar junto ao RH e gestores para recomendar caminhos de desenvolvimento.
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Usar indicadores de proficiência de habilidades como base para promoções.
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Mostrar evolução na aprendizagem como KPI estratégico.
6. Ofereça aprendizagem no fluxo de trabalho
Os colaboradores querem aprender sob demanda, no momento em que precisam.
T&D pode:
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Disponibilizar atividades e eventos regulares no dia a dia.
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Criar conteúdos de micro e nanoaprendizagem acessíveis a qualquer hora.
7. Desenvolva e apoie líderes
Mesmo líderes experientes precisam de suporte para enfrentar desafios novos.
T&D pode:
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Mapear lacunas de competências junto às lideranças.
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Criar percursos hiperpersonalizados, adaptados a diferentes estilos de liderança.
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Oferecer coaching individual para reflexão e desenvolvimento contínuo.
8. Celebre o aprendizado
Valorizar a aprendizagem fortalece a cultura organizacional.
T&D pode:
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Compartilhar perfis e histórias de colaboradores ativos em canais internos.
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Reconhecer e premiar aprendizes de destaque com visibilidade junto à alta liderança.
Métricas que importam
Para medir o impacto da Experiência do Colaborador, algumas métricas-chave são:
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Frequência de promoções ou movimentações internas.
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Taxa de retenção entre colaboradores engajados em aprendizagem versus não engajados.
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Participação em programas formais e informais de compartilhamento de conhecimento.
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Melhora em avaliações 360° após intervenções de aprendizagem.
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Avanço nos índices de satisfação dos colaboradores após mudanças no modelo de trabalho.
Conclusão: um chamado estratégico à ação
A Experiência do Colaborador não é mais apenas responsabilidade do RH — ela é um imperativo estratégico.
T&D pode moldar essa experiência ao empregar as oito estratégias descritas aqui, conectando expectativas de colaboradores e empregadores. Quando bem implementadas, essas práticas ajudam a construir uma força de trabalho engajada, resiliente e preparada para o futuro.
Agora é hora de as lideranças darem a T&D o orçamento, a visibilidade e a influência necessários para conduzir iniciativas de Experiência do Colaborador desde o primeiro dia.
Fonte: trainingindustry.com
Imagem: canva
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